Representantes querem que setor de TI seja incluído na alíquota diferenciada na reforma tributária

Representantes querem que setor de TI seja incluído na alíquota diferenciada na reforma tributária

Entidades lançam um alerta para aumento de custos e perda de empregos. Tratando-se da reforma tributária, representantes de empresas voltadas para o setor de tecnologia da informação (TI) reivindicaram a inclusão do segmento no regime tributário diferenciado previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/19. Atualmente, o texto da reforma que está em tramitação no Senado Federal, não inclui esses setores nos regimes diferenciados em relação às regras gerais, as quais prevêem, entre outras questões, a alíquota zero do imposto ou com uma redução de 60%. Diante disso, caso o texto não sofra alterações, para o segmento haverá a elevação do imposto recolhido, com repasse para os consumidores de serviços digitais, de internet e TI.

Vale lembrar que a proposta da reforma tributária é substituir cinco impostos, sendo eles:
  1. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ;
  2. Imposto Sobre Serviços (ISS);
  3. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
  4. Programa de Integração Social (PIS) ;
  5. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) .

Com a substituição haverá a criação de dois impostos de valor agregado, Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e um Imposto Seletivo (IS).

Vale destacar que para alguns setores o texto propõe uma alíquota reduzida em 60% e isenção do IS. Veja quais são esses setores:
  • Serviços de educação;
  • Saúde;
  • Medicamentos;
  • Dispositivos móveis e de acessibilidade para pessoas com deficiência;
  • Transporte coletivo.

Nesta quarta-feira (16), no decorrer da audiência pública na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática (CCT) do Senado Federal, o vice-presidente da Federação Nacional das Empresas de Informática (Fenainfo), Marcio Gonçalves, disse que o texto atual enquadra as empresas de TI na alíquota padrão do IBS e CBS, que o Ministério da Fazenda estima em 25,45%. Diante dessa situação, segundo Gonçalves, há a geração de uma carga tributária muito alta para as empresas.

Além disso, o vice-presidente alertou ainda que o setor é intensivo em mão de obra, que acaba empregando cerca de 2 milhões de trabalhadores, e que a manutenção da alíquota pode levar as empresas a reduzir postos de trabalho. “A maior preocupação são os serviços. Você geralmente faz softwares e atende como serviços de forma transversal todo o setor econômico, seja indústria, seja saúde, seja educação, qualquer setor. No setor de serviços de TI, a folha de pagamento de forma natural representa entre 62% e 70% da receita”, explicou.

Gonçalves ainda reivindica que “não podemos comprometer a geração de empregos. Os empregos atuais e os empregos futuros serão empregos de serviços de TI. Então, o nosso pleito é que o setor, intensivo em mão de obra, seja incluído na alíquota reduzida em 60% em relação à alíquota padrão”. Enquanto isso, o presidente da Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro), Christian Tadeu, alertou que onerar o setor de TI pode desestimular a expansão das empresas, bem como a criação de novos produtos, tecnologias e melhorias de serviços.

“O aumento de impostos no setor de tecnologia pode afetar os serviços oferecidos pelas empresas do segmento como serviços de internet, streaming, plataforma de e-commerce e aplicativos que podem sofrer reajustes em seus preços, impactando diretamente o orçamento doméstico do cidadão brasileiro”, disse. “Esse aumento de custo pode prejudicar o acesso à informação, educação, entretenimento, cultura e oportunidade de negócios”, explicou Tadeu. De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), Rodolfo Fücher, a cobrança do imposto para o segmento como está no texto da reforma também afetando-o, assim acabaria formado, quase que totalmente, por micro e pequenas empresas que respondem por 93% da participação no setor.

De acordo com Fücher, a proposta atual levará ao fechamento de companhias, na elevação das demissões, bem como na perda de competitividade das empresas. Isso, acabará resultando na diminuição do setor, na economia nacional e também no cenário global. “A reforma tributária pode aumentar o custo na tecnologia, diminuindo a competitividade do país, com maior peso para os pequenos empresários”, alertou Fücher. Ele ainda disse que esse cenário já é visto hoje em dia, com o recuo das empresas de softwares brasileiras no ranking internacional. No ano de 2020, o Brasil ocupava o nono lugar no mercado internacional, porém acabou caindo para a 12ª posição em 2021 e 14ª no ano passado.

“A gente percebe que o Brasil está perdendo espaço na absorção de tecnologia ano a ano. Na América Latina, a gente percebe o quanto o Brasil está perdendo de espaço e capacidade. Éramos, em 2020, 44% da região, e agora estamos com 37%”, lamentou Fücher. Para o representante da Associação Brasileira de Internet (Abranet), Gilberto Luiz do Amaral, o setor de serviços digitais, TI e internet é um dos que mais investe em pesquisas, além de desenvolvimento e inovação tecnológica.  De acordo com Amaral, o setor possui uma estratégia relevante na economia do país e, a proposta atual impactará no acesso do cidadão aos serviços essenciais.

“Essa atividade é essencial para o país, e sendo essencial, ela deve ter a mesma isonomia que têm educação, saúde, transporte, para que a gente tenha um equilíbrio e não tenha um aumento tão grande na carga tributária. Caso contrário, teremos uma sociedade da desinformação, porque sem internet nós voltamos a saúde, educação, transporte para aquele modelo antigo”, defendeu Amaral, acrescentando ainda que a manutenção da alíquota seria para o governo “um tiro no próprio pé”. Amaral ainda acrescenta afirmando que “o governo não vive hoje sem internet e, se ele elevar a tributação, ele terá um aumento nos seus custos”.

Publicado por: Lívia Macario

Fonte: Portal Contabeis com informações da Agência Brasil