Pesquisa mostra que profissionais investem dez vezes mais tempo em apresentações de PPT do que em mensuração. Cada vez mais empresas têm percebido a importância da comunicação para o entrosamento do time e nos resultados dos negócios. Melhorar a experiência com os canais de comunicação, focar nas prioridades do negócio e comunicar melhor são apenas alguns dos insights levantados pela pesquisa Tendências da Comunicação Interna 2023 para poder transformar cada vez a comunicação interna das empresas.
O estudo foi desenvolvido em parceria da agência Ação Integrada com a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e tem o propósito de trazer clareza a partir de dados das jornadas de dentro das empresas. Foram entrevistadas 163 empresas de diversos segmentos de todo o país. De acordo com o estudo, entre os grandes desafios da comunicação interna estão: engajar as lideranças como comunicadores (74%); fazer a comunicação chegar aos públicos operacionais (55%); comunicar a estratégia e cultura da empresa (54%) e gerenciar o excesso de informações (51%).
Um dos pontos identificados é que 53% das empresas respondentes têm investido muito tempo nos canais internos de comunicação, 38% em campanhas e 31% em comunicados internos. “A pesquisa mostra que o percentual que a gente investe em apresentações de PPT, as quais somos demandados, é mais de dez vezes maior do que o tempo que investimos em mensuração, por exemplo, ou mais que o dobro do investimento em escuta e diagnóstico. O que é mais importante? Como eu lido com a demanda que chega? São reflexões que a pesquisa traz”, ressalta o diretor de Negócios e Operações da Ação Integrada, Thierry Pignataro.
Desafios da comunicação interna
Engajar as lideranças como comunicadores, principal desafio identificado pela pesquisa, refere-se ao processo cultural de ter uma liderança comunicadora. “Para isso deve-se olhar do CEO até os coordenadores e líderes imediatos. Nota-se que a comunicação interna contribui cada vez mais com a orquestração do negócio: 88% dos CEO valorizam ou valorizam muito a comunicação interna nas empresas; 62% das empresas possuem reuniões ou lives dos CEOs com os times e 79% realizam reuniões periódicas sobre objetivos e resultados”, destaca Pignataro.
Entre as maiores implantações desejadas para este ano estão: treinamento com gestores para serem melhores líderes comunicadores (25%) e sistematização de rituais de conversas (21%). O segundo desafio é como fazer a comunicação chegar aos públicos operacionais. O estudo mostra que a liderança deve ter mais protagonismo, que as comunicações sejam mais ágeis, que é preciso focar na informação essencial, ou seja, menos é mais. “Quando a gente pensa em canais, é preciso observar a experiência de consumo de informação por esses públicos”, diz o executivo.
A pesquisa também fala sobre horizontalização da comunicação: 28% das empresas planejam implantar um programa de influenciadores internos; e 22% planejam implantar um programa de agentes de comunicação, a partir do empoderamento de determinadas áreas da organização. A sugestão é que seja adotada uma comunicação mais descentralizada, horizontal e colaborativa com empregados como criadores de conteúdo e investimento nas redes sociais corporativas e nos administradores de comunidades.
Quanto ao terceiro desafio – comunicar a estratégia e cultura da empresa –, a pesquisa tratou de levantar quais são os temas mais priorizados pela comunicação interna: em primeiro lugar (72%), ficou Iniciativas de Gestão de Pessoas, seguido de Cultura da Empresa (67%), Estratégias e Resultados (57%), Diversidade e Inclusão (53%). “50% das empresas permanecem com o desafio de não conseguir priorizar as narrativas de comunicação interna, em comparação às demandas atuais. Parece um dado ruim, mas está em evolução, no ano passado era 47%”, analisa Pignataro.
Já o excesso de informações – quarto principal desafio – tem resultado na ‘infoxicação’, que leva à desinformação e à paralisia. “Pesquisas informam que quando ficamos muito expostos ao excesso de informação passamos a ter um estresse cerebral muito grande que pode levar a um blackout cognitivo, que é perder o sentido em relação a muitas coisas e ter o poder de ação e decisão muito reduzidos”, ressalta.
A conclusão da pesquisa é que há alguns caminhos possíveis para a evolução da comunicação interna nas organizações: melhorar a experiência com os canais, focar no prioritário do negócio mais do que nas áreas, descentralizar a comunicação e, além de executar a comunicação, fazer a gestão dessa comunicação.
Publicado por: Danielle Nader
Fonte: Portal Contabeis com informações da Aberje