Embora o cenário não indique uma retomada dos M&As no setor de tecnologia ao patamar visto em 2020 e 2021, o ritmo de negócios pode ter recuperação. O Brasil ainda vive um período em que startups e outras empresas do setor de inovação buscam se adequar a uma nova realidade que pode ser entendida como um “pós-inverno das startups”. O segmento não deve voltar à aceleração do período da pandemia de Covid-19, que levou a um boom no setor, mas alguns fatores podem levar a crer que o mercado de M&As pode voltar a crescer em 2023.
De acordo com Fernando Trota, CEO da Triven, empresa especializada em serviços de backoffice para startups e companhias com identidade com o setor de inovação, as fusões e aquisições já voltaram a se aquecer a partir do segundo trimestre de 2022 e, em um cenário de volatilidade econômica global – como a guerra entre Rússia e Ucrânia e de inflação -, os empresários europeus e americanos foram obrigados a descobrir fornecedores em novos mercados.
“Essa busca de grandes players por aquisições de startups em mercados mais “neutros” no cenário mundial pode ser estratégica para as empresas brasileiras. Além do fator geopolítico, os valores mais baixos nas transações também são atrativos e abrem espaço para setores como os de Internet, Software & IT Services e Saúde se destacarem nas operações de M&A”, opina Fernando.
Um levantamento do site de notícias econômicas Bloomberg registrou que o número de transações no mercado brasileiro de M&A chegou a 1.130 no ano passado abaixo dos anos anteriores. Segundo Fernando, muitos negócios podem ter sido adiados para 2023, por conta do cenário político-econômico instável. Porém, se houver mais estabilidade, o mercado tende a voltar a aquecer.
“A expectativa é de que sejam movimentados cerca de R$60 bilhões, de acordo com visões mais conservadoras – podendo alcançar cifras de R$100 bilhões. Os resultados dos investimentos vão depender da dinâmica externa (que atualmente passa por uma recessão), da inflação, das consequências da guerra na Ucrânia e da taxa brasileira de juros. Então, dois fatores importantes para que essa retomada se confirme são a redução dos juros e a estabilidade fiscal”, completa o CEO.
A expectativa dos especialistas em torno dos IPOs (ou seja, da estreia de empresas na Bolsa de Valores) é para novas aberturas a partir de abril e maio, de forma mais lenta, a depender da estabilização das taxas de juros e da inflação. Fernando aponta que, em comparação, a perspectiva para Wall Street, por exemplo, é de novas aberturas apenas a partir do segundo semestre.
“O recente colapso do SVB Financial Group deixou os investidores mais cautelosos em razão da vulnerabilidade momentânea do setor. A abertura de capital no Brasil, por sua vez, deve influenciar positivamente o volume de fusões e aquisições. Isso porque, com mais empresas capitalizando seus caixas com IPO, cresce a tendência de um direcionamento de investimentos para estratégias de crescimento por meio de aquisições”, observa o CEO da Triven.
Casa em ordem
Manter a gestão financeira, contábil, fiscal e tributária em dia é um ponto fundamental para as startups que querem aproveitar oportunidades do mercado de M&A, enfatiza Fernando. “Além de os compradores serem bastante criteriosos na escolha de startups, elas não podem se arriscar por causa de todo o cenário político-econômico já mencionado. Para passar essa confiança e conseguir aproveitar as oportunidades de M&A, ter uma boa gestão financeira na startup ajuda a atrair compradores e facilita a aproximação com eles”, completa.
O CEO destaca que é preciso passar credibilidade para os investidores por meio de uma estrutura sólida de governança corporativa; ter um planejamento estratégico atualizado e integrado ao orçamento anual; elaborar indicadores de desempenho e relatórios financeiros confiáveis, apoiando a tomada de decisões por meio de uma controladoria eficiente; e apresentar planos de negócios, organização financeira, resultados e demonstrações trimestrais e anuais.
Publicado por: Litiane de Oliveira
Fonte: Assessoria de imprensa