eSocial revela que mais de meio milhão de profissionais com deficiência inseridos no mercado de trabalho

eSocial revela que mais de meio milhão de profissionais com deficiência inseridos no mercado de trabalho

Lei nº 8.213/91 impulsiona contratações, mas disparidades salariais e preconceito ainda são obstáculos a superar. Um estudo recente da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), utilizando dados do eSocial, revelou que o Brasil conta com 545.940 mil pessoas com deficiência e reabilitados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no mercado formal de trabalho, com 93% destes empregados atuando em empresas com mais de 100 colaboradores.

Conforme estipulado pela Lei nº 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas, empresas com diferentes quantidades de funcionários devem reservar um percentual mínimo de vagas para pessoas com deficiência. Para empresas com 100 a 200 trabalhadores, a cota é de 2%; de 201 a 500, aumenta para 3%; de 501 a 1000, é de 4%; e com mais de mil funcionários, a cota é de 5%, visando garantir oportunidades de emprego para essa parcela da população. O coordenador Nacional de Inclusão de Pessoas com Deficiência e Reabilitadas da Previdência Social no Mercado de Trabalho, Rafael Giguer, destaca a importância da fiscalização do MTE para assegurar o cumprimento da política de cotas, ressaltando que empresas que desrespeitarem a lei podem sofrer multas de até R$ 300 mil.

Desde 2008, quando a fiscalização se intensificou em todo o país, houve um aumento significativo nas contratações, alcançando um crescimento de 64% até 2023. Nesse ano, foram contratadas 142.618 pessoas com deficiência, sendo 30.189 diretamente por intervenção da fiscalização e 112.429 indiretamente, devido ao cumprimento legal pelas empresas. Rafael Giguer,  que enfrentou dificuldades devido à sua deficiência visual, hoje trabalha como auditor-fiscal do trabalho, lutando pela inclusão social no mercado de trabalho. Ele ressalta que o preconceito ainda persiste, destacando que o trabalho é um direito universal que proporciona dignidade aos indivíduos.

Análise demográfica e salarial

O levantamento também revela disparidades entre homens e mulheres com deficiência no mercado de trabalho. Dos empregados com deficiência registrados no eSocial, 341.392 são homens e 204.548 são mulheres. Além disso, há diferenças salariais significativas: a média salarial de mulheres com deficiência é de R$ 1.411,77, enquanto a dos homens é de R$ 1.637,50. Ademais, a maioria das deficiências é física, visual ou auditiva, e mais da metade dos trabalhadores possui ensino médio completo. Destaca-se também que há mais pessoas com deficiência de cor branca contratadas em comparação com negros e pardos.

Proporção de homens e mulheres com deficiência por tipo de deficiência
Deficiencia Quantidade mulher PCD Quantidade homem PCD
Física 86.208 150.866
Visual 37.016 61.961
Auditiva 40.176 55.770
Mental 12.051 27.450
Reabilitado 11.505 22.369
Intelectual 7.744 15.231
Não informado 7.897 7.553
Múltipla 3.929 7.409
Raça Total de mulheres PCDs
Branca 102.026
Parda 72.336
Não informado 16.373
Preta 13.823
Amarela 2.379
Indígena 465
Publicado por: Juliana Moratto
Fonte: Portal Contabeis com informações Ministério do Trabalho e Emprego