Brasileiros gastam quase dez vezes mais tempo no acerto de obrigações tributárias que países vizinhos

Brasileiros gastam quase dez vezes mais tempo no acerto de obrigações tributárias que países vizinhos

Confira dados do estudo do Banco Mundial, que revela que o Brasil gasta em média 1.501 horas para acertar suas contas, enquanto outros países gastam apenas 159. O estudo “Doing Business”, do Banco Mundial, chegou a uma conclusão que não é novidade para os empresários brasileiros: o Brasil é o país em que as empresas mais gastam horas para apurar, declarar e pagar impostos. Enquanto cada empresário gasta cerca de 1.501 horas por ano, em média, nessa função, responsáveis pela parte tributária de países da América Latina e Caribe gastam apenas 20% desse tempo, cerca de 300 horas.

Esse número cai ainda mais quando comparado ao tempo que os membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que o Brasil está em processo de entrada – gastam. Eles levam apenas 159 horas para desempenhar essa função. Grande parte desta diferença se deve à complexidade do sistema tributário do Brasil, que reúne muitos impostos diferentes, cada um com uma legislação, prazo e destinos diferentes. Além dos impostos, os contadores e empresários devem lidar com as obrigações tributárias acessórias, prestando uma série de informações ao Fisco.

A conselheira do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Angela Dantas, afirma que o cumprimento dessas obrigações acessórias no Brasil é tarefa árdua, se comparada à situação de outros países. “O Brasil tem uma das maiores complexidades de atendimento às obrigações acessórias do mundo. No Brasil, o contribuinte é classificado na forma de tributação em três tipos de regime: no Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. A depender de qual sistema tributário a empresa esteja enquadrada, ela tem tipos de obrigações tributárias acessórias a serem cumpridas. Algumas são comuns a todos os três tipos, mas muitas não”, explica.

Sujeitas a um regime tributário menos complexo, mesmo as empresas do Simples Nacional acabam sofrendo com a burocracia tributária. Dantas lembra que essas empresas devem emitir nota fiscal; entregar as declarações de Informações Socioeconômicas e Fiscais (Defis) e do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf) ; preencher a Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social (Gfip), além de preencher a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) . As empresas do Lucro Presumido e do Lucro Real compartilham algumas dessas obrigações tributárias acessórias, além de terem as suas próprias.

Reforma Tributária e simplificação das obrigações

Neste cenário, ao mesmo tempo em que discute a reforma do sistema tributário pela ótica das obrigações principais, o Congresso Nacional está perto de aprovar um projeto de lei complementar que visa simplificar o cumprimento das chamadas obrigações acessórias. O PLP 178/2021 cria o Estatuto Nacional de Simplificação de Obrigações Tributárias. Entre as principais mudanças está a criação da Nota Fiscal Brasil Eletrônica (NFB-e). O documento será o padrão a ser seguido em todo o país na venda de bens e prestação de serviços. Hoje, estima-se que existam mais de mil modelos de nota fiscal eletrônica.

Autor do projeto de lei, o senador Efraim Filho (União-PB) acredita que o PLP é “um primeiro passo rumo à reforma tributária mais ampla”. Ele avalia que, por se tratar de projeto positivo para o setor produtivo e a administração pública, não haverá resistência do governo nem da oposição no Senado. O texto também prevê que a legislação tributária nacional deverá ser aplicada para as obrigações acessórias, evitando que as inúmeras leis e decretos estaduais e municipais ditem os rumos e tornem mais difícil a vida das empresas.

Com a simplificação, as empresas devem gastar menos tempo com o cumprimento dessas exigências. “Essa simplificação é necessária. O Brasil precisa simplificar suas operações. O ambiente de negócios tem que ser mais célere. Isso sendo implementado, modernizando essa visão do Fisco e tendo ferramentas para a gente trabalhar, é importante isso, o Congresso Nacional passando esse projeto, ótimo”.

Publicado por: Izabella Miranda

Fonte: Portal Contabeis com informações adaptadas do Brasil 61